quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Sempre me pergunto maneiras de quebrar a rotina. A Arte nessa terça, 28, num golpe certeiro quebrou as pernas do cotidiano, e revelou-me sua face de sentido. Sentido? Não sei se seria a palavra adequada para se usar na descrição de minha experiência. As coisas mais belas da vida muitas vezes não fazem sentido algum. Mas o sentido que aqui trato é o de continuar vivendo, e neste acredito.

O fato: Apresentação do coral russo: Moscow Sretensky Monastery Choir. Cerca de 2 mil pessoas dobrando filas para entrar no Mosteiro de São Bento e assistir a única apresentação que o grupo faria. Bem, é bastante lógico que com as excelentes apresentações lá realizadas, entrada franca e notável divulgação um grande contingente iria. Foi o que aconteceu. Mas creio que o verdadeiro fato foi o descontentamento das 2 horas de fila, do atraso e do cansaço ter sido dissipado na primeira música regida pelo maestro que guiava pouco menos de 50 homens.
Foi imersa num redemoinho de vozes, pensamentos e lembranças que minha vida (real) me pareceu...vazia.

Já havia tido experiências reveladoras com a Arte, mas talvez pelo momento, pelo estado de espírito ou por qualquer coisa que sentia, a revelação foi escancarada, como se rasgassem minha alma e todo vazio fosse preenchido por novos sonhos e sentimentos.

Acho que esse é o real sentido da vida. E engraçado pensar que esse real se confronta constantemente com a vida “real”, que é cheia de podas, massacres e desilusões. O sentido verdadeiro seria a fuga da realidade?

E por que não transformar a realidade no sentido real? É possível viver de Arte, viagens, sentimentos, emoções? Espero que a resposta seja sim. Principalmente, é possível viver de sonhos. Meus mais novos sonhos irão me carregar e ajudar a viver minha realidade, assim como todos os outros sonhos que carrego.

"Não sou nada
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo"

Tabacaria - Fernando Pessoa

Tento me expressar mais, mas estou travada. Se continuasse tentando, me frustraria e estragaria o que tenho em mim. Espero que todos saibam o que senti. Para mim foi como uma porta aberta e já consigo ver outras entreabertas.


O site do coral é: http://www.clerical.ru/ e está em inglês. Lá é possível escutar algumas músicas... Recomendo as do CD: Favorite Russian Songs.

É isso. Beijos



P.S.: Acabei com a palhaçada dos ursinhos carinhosos, o filme dessa semana voltou a ser "Adeus, Lênin!". (Mas ainda escuto ABBA!)

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho que o Amor seria também um escape!

O foda é depois achar um escape do amor!

Anônimo disse...

Um comentariozinho sobre o título do seu blog... É uma frase interessante:

"As paredes, a gente atravessa"
(O Muro - Jean-Paul Sartre)

Cedo ou tarde, atravessamos os muros, vencemos obstáculos, unimos o que antes estava separado. Esse seu blog é um meio de conhecer um pouco do que se passa dentro dessa sua cabecinha. Vencer parte da rotina imposta pelo dia-a-dia e saber quem é essa outra Mariana.
Porque além de levantarmos muros, também usamos máscaras.

Olhe só como os muros e máscaras são figuras recorrentes no seu blog... O próprio título dele e o filme da semana (Adeus, Lênin!) tratam de muros, enquanto o quadro do dia trata de uma máscara.

Queria que você me conhecesse também de um outro modo. Não que eu tenha outras n+74 personalidades, mas queria mostrar-me de um jeito diferente do qual você me vê quase todo dia. Só não sei como.