sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sem voltas

Chega-se o tempo da verdade,
hora do cair das máscaras ilusórias
coloridas, como o pensamento esperançoso de uma criança
que ainda acredita no dia de amanhã
se cristalizando com vontades reais.

Cobra-se o tempo do crescer,
do engravatar preguiçoso
das pastas, ligações, recibos, aprovações
do deixar dos sentimentos
verniz que civiliza.

Acha-se tempo para felicidade,
entre cervejas e baforadas ao silêncio do pensar
doses semanais de falsa vivência
sorrisos que classificam estratos
perfume morno da essência humana.

Perde-se o tempo do viver,
fuga do se achar em si
as emoções já estão etiquetadas
e as lembranças envidraçadas
prontas para o estilhaçar final.

Quero, então, o tempo do eu!
do derrubar das possibilidades nunca resolvidas
extermínio do porém, aniquilar do se!
revelação estratosférica da vida
fim da medição do amor, do dia-a-dia regulamentado
destruição dos conta gotas, abaixo os pormenores!
escancarar dos olhos, abrasar dos povos
inundação sem volta do saber.

Um comentário:

Mário Augusto disse...

Somos escravos dos mortos.
Isso também não tem volta...
Esquecer do passado é tirar o chão que nos serve de base para alcançar o céu...
Crescer, sim.
Esquecer, jamais.
Aceitar e continuar,
Aprender sempre.
Lutar, chorar, sangrar, sofrer...
Vencer a si mesmo!
A piedade (de si mesmo) é a podridão do espírito que se pretende forte.
Só do caos nascem as estrelas.
Porém, quando dizes que a esperança precisa ser morta,
Quando apontas um dedo para alguém, apontas três para ti mesmo...
Sem sonhos, ilusões, esperanças infantis não há caos.
E sem caos, não há estrelas...
E assim, triste, vejo que não há volta,
Numa rotina que se repete eternamente:
Fugir de si.