sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sem voltas

Chega-se o tempo da verdade,
hora do cair das máscaras ilusórias
coloridas, como o pensamento esperançoso de uma criança
que ainda acredita no dia de amanhã
se cristalizando com vontades reais.

Cobra-se o tempo do crescer,
do engravatar preguiçoso
das pastas, ligações, recibos, aprovações
do deixar dos sentimentos
verniz que civiliza.

Acha-se tempo para felicidade,
entre cervejas e baforadas ao silêncio do pensar
doses semanais de falsa vivência
sorrisos que classificam estratos
perfume morno da essência humana.

Perde-se o tempo do viver,
fuga do se achar em si
as emoções já estão etiquetadas
e as lembranças envidraçadas
prontas para o estilhaçar final.

Quero, então, o tempo do eu!
do derrubar das possibilidades nunca resolvidas
extermínio do porém, aniquilar do se!
revelação estratosférica da vida
fim da medição do amor, do dia-a-dia regulamentado
destruição dos conta gotas, abaixo os pormenores!
escancarar dos olhos, abrasar dos povos
inundação sem volta do saber.