segunda-feira, 9 de junho de 2008

Xeque mate



E pensando assim, perdida, como se não pudesse mais enxergar a verdade que brota diante de meus olhos, lembrei-me do quão diferente pode ser.
Mas, o medo de expor-me para aqueles que vêem e julgam como se passasse pelo juízo final (e se fosse o final, antes só pele do que espremida e arrependida de tudo que não vivi), gela as ações de me aproximar.
Cansei. Das satisfações, das contradições, das explicações e principalmente da angústia sentida por esconder o que nem segredo é.
Cansei de me conter. Mas sem essa emoção, toda guardada no peito para ser extravasada no travesseiro, no choro, no chuveiro, não teria graça. A verdade não tem graça. O jogo é necessário, o instinto animal exalando da pele... A traição, a culpa, o desejo.
Não... Minto! Ou será que me iludo tentando acreditar na sinceridade?
Se tirassem todos os tabuleiros, os piões, os dados, quem poderíamos manipular?
O amor, como num golpe fatal, nos derruba no jogo e nos mostra toda a verdade que tentamos esconder para nós mesmos.



Quadro: Mulher com Máscara - Lorenzo Lippi

2 comentários:

Sam disse...

O jogo é necessário, já as regras nem sempre, mesmo por que elas não existem quando se trata de coisas do coração, o amor por vezes nos põe em xeque já que nem sempre é jogado com a razão.

Grande beijo pra ti!!!

Mário Augusto disse...

"Amar é o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado" - Robert Frost.
A lógica do amor não tem nada de racional... É a contradição, o paradoxo. A união de duas almas, se muito intensa, beira a anulação de dois seres e o surgimento de um novo ser: amor que deve ser punido. Ao menos, em todas as histórias de amor extremamente intenso... Não podemos negar a própria individualidade, por mais que talvez seja o desejo mais íntimo dentro de nós - deixar de assumir a responsabilidade por nós mesmos... Eis a pior traição.