domingo, 7 de junho de 2009



I

Vivo nos intervalos,
no esperar do trem seguinte
90 segundos de consciência inconsequente.
Vivo no atraso,
na espera do próximo,
em instantes de mim mesmo
me encontrando pelos corredores,
lapsos de verdade.
Vivo na invenção do tempo
daquele que se perdeu e nunca mais voltou.
Espero pacientemente a vida
E a espera consome o tempo
o tempo que não existe
e nunca existirá na realidade.
Vivo no fragmento
daqueles instantes repelíveis
Estou no quântico
no não-tempo
na não-vida
no espaço
nas rusgas da realidade
no atrito entre aquilo que não foi, mas sempre será.
Perpetuo-me no pedaço
Sem saber o que é inteiro.


II


Infinitos são os espaços que encontro dentro dos menores fragmentos de tempo.
Me agarro a eles e existo.
Os temores cessam e a espera do futuro termina, pois este tempo começa.
O presente se funde com o que virá e vivo por completo, esbanjando integridade.
Recomeço o terminado e termino o inacabável. O ajuste de tempo se dá nesse gozo de vida, nesse interminar de cores, nessa infinidade de ações, na infindável verdade.
Inefável
.
.
.
.
.
.
.
Acordo em pedra. Em concreto. Em passado.
Presa no limite da passagem, na aresta do presente. Situo-me em minúsculas proporções e me afundo no criado.
Nas verdades criadas
Na realidade do passar dos segundos infinitos
E penso na finitude dessa criação
No material dessa criação
no elemento dessa criação
na divisão dessa
no limitar dessa
no afundar
concreto.



Quadro:
Convex & Concave - Maurits C. Escher

Um comentário:

Genifer! disse...

A "quantização" do momento foi restaurada.