quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Odeio esse abafado ar de angústia eterna.
Antes assumir o desagrado com o mundo como o velho safado
que camuflar usando um sorriso civilizatório
(de dentes bem brancos,
cor de nata,
corroídos por ácido
até a invenção de um café fluoretado)
Escondendo, assassinamos aos poucos
a aflição que nos dá vida.
Cabisbaixos seguimos,
e apertamos em guardanapos,
bordas de livro,
papéis amarelados,
palavras despejadas para consolo
daquilo que jamais deveria ser consolado.


___________________

Mais pensamentos...
tentando melhorá-los!
Beijo, (não) me bipa!

5 comentários:

a.topos disse...

Puxa... Os últimos tempos têm sido produtivos, hein? AUHAHa.

bjão!

Mário Augusto disse...

Temos o "dever" de sermos "felizes"?
Sempre nos enganam com propagandas de dias maravilhosos, alegrias intermináveis...
Sempre nos dizem que nos manter "presos" a um só, é ruim... Perde-se "toda a vida" ao redor...
O que não se fala é que a angústia de viver eternamente buscando algo que nunca vai nos preencher foi igualado à "liberdade"... Não nos sentimos mais seguros em nossas próprias identidades e limitações... Quando a "liberdade" tornou-se um fim, ela deixou de ser meio... Deixou de ser nossa. Buscamos estar seguros com a infinitude de possibilidades que nunca escolheremos... E permanecemos cheios de vazio.
Acho que você iria gostar de ler Herbert Marcuse... E Freud, e Bauman, e Lyotard...hehe

Beijos,

Anônimo disse...

Da mesma forma que não adianta passar a vida toda ao lado de alguém, e mesmo assim não se sentir completo - afinal de contas... ao que me parece, somos um projeto, e como tais: sempre incompletos.
Sartre é interessante também... ;)

Unknown disse...

Se não nos sentimos completos em nós mesmos (a sós com nossa solidão e limitações), não vai ser o Amor a rocha sólida que nos sustentará...
Nunca podemos passar ao Outro a responsabilidade que cabe ao Eu.
Sartre rox!

Unknown disse...

"Estar preso a um só" é fazer da contingência (a infinitude de possibilidades) um destino (uma escolha). Buscar a tal completude em Outro é se abster de si mesmo, de suas próprias escolhas e, no limite, é sempre sentir-se incompleto.
Nesse sentido, realmente estamos condenados à liberdade, como quer Sartre.
A questão é que não se suporta, ou melhor, não parece ser aceitável escolher "um destino" pois perde-se a contingência com tal escolha...
E a "melhor escolha" é "não escolhar coisa alguma": Fica-se com a falsa sensação de liberdade e a angústia sufocante da prisão das escolhas...
É possível viver sem escolher?
Creio que não.